INVENTÁRIO FLORESTAL EM PLANTIOS DE MOGNO AFRICANO

INVENTÁRIO FLORESTAL EM PLANTIOS DE MOGNO AFRICANO

Antonio Carlos Ferraz Filho (Doutorando em Engenharia Florestal, UFLA); Andressa Ribeiro (Mestra em Engenharia Florestal, UFPR)

acferrazfilho@gmail.com; andressa.florestal@gmail.com

O mogno africano, cujo nome cientifico é Khaya ivorensis A. Chev é uma árvore de origem africana pertencente à família botânica Meliaceae, mesma família do mogno brasileiro, da andiroba e do cedro. Portanto, possui madeira nobre de grande potencial econômico para comercialização, podendo ser empregada na indústria moveleira, naval, para fins de acabamento superficial em construção civil, entre outros.

No Brasil, a espécie teve seus primeiros plantios na região norte. Segundo Castro et al. (2008), em sistemas silvipastoris no Pará o mogno africano podem alcançar altura de fuste de 12 metros e diâmetro a altura do peito (DAP) de 22 centímetros aos 7 anos de idade. Segundo Falesi e Galeão (2002 apud. Silva 2010), em reflorestamento no Pará o mogno africano apresentou média de altura total de 8,5 m e de DAP de 15,5 cm aos 5 anos e 8 meses, e média de altura total de 9,2 m e DAP de 17,3 cm aos 6 anos e 4 meses.

Sabe-se que a prática de inventário florestal, aliada as remedições periódicas, é altamente valiosa para um bom planejamento de atividades silviculturais e de manejo, tais como adequação de adubação, época de desbaste e colheita, otimização dos produtos florestais, e, consequentemente a maximização da renda do projeto. Dessa forma, desde 2009 diferentes plantios de mogno africano instalados no Estado de Minas Gerais, estão sendo monitorados por engenheiros florestais e resultados positivos podem ser observados.

Inventário Florestal

O inventário florestal pode ser definido como a técnica da mensuração de árvores e talhões, utilizando fundamentos da teoria de amostragem para a determinação ou estimativa de características qualitativas e quantitativas da floresta. Dentre as características quantitativas pode-se citar: volume, sortimentos, área basal, altura, diâmetro, etc; e dentre as qualitativas pode-se citar: vitalidade das árvores, qualidade do fuste, tendência de valorização, etc (Scolforo e Mello, 2006).

As parcelas permanentes, ou seja, unidades amostrais demarcadas e observadas de forma contínua visam conhecer o comportamento das espécies florestais e seus processos dinâmicos de crescimento, mortalidade e recrutamento ao longo do tempo; foram instaladas nos diferentes plantios conforme Figura 1.

Figura 1. Esquema representativo de demarcação e medição de unidade amostral (retangular e circular) nos diferentes plantios.

Após a delimitação das parcelas, coletam-se os dados de algumas alturas e de todas as circunferências à 1,30 metros do solo ou a altura do peito (CAP) das árvores contidas nas parcelas (Figura 2). A cubagem rigorosa em pé é feita em alguns indivíduos das parcelas, a fim de se elaborar uma equação de volume específica para o plantio. Tal método é uma forma direta de estimação do volume das árvores, sendo bastante utilizado na rotina de inventários florestais, consistindo na medição sucessiva de circunferências ao longo do tronco em diferentes seções para posterior cálculo do volume real da árvore utilizando equações matemáticas específicas (Figura 3).

Figura 2. Marcação e medição do CAP e altura, detalhe para o hipsômetro utilizado para medição acurada das alturas (Vertex III).

 

Figura 3. Demarcação das alturas onde foram feitas as medições das circunferências para a cubagem rigorosa das árvores em pé.

Portanto, após sucessivas remedições utilizando tais técnicas apresentadas acima, gráficos de crescimento ao longo dos anos para diâmentro e altura são apresentados abaixo para os diferentes plantios monitorados pelos autores.

Figura 4. Gráficos de crescimento ao longo dos anos de medição dos plantios de mogno africano para as principais variáveis dendrométricas.

O crescimento florestal observado nos plantios é bastante elevado, com expressivos incrementos ocorrendo nas variáveis dendrométricas observadas. Abaixo estão apresentadas tabelas comparativas entre os plantios da região de Pirapora, Piumhi e São Roque de Minas nos diferentes anos de medição (M).

Tabela 1. Valores médios para as principais variáveis avaliadas nos diferentes plantios inventariados.

 

 

Pirapora

Variável

M1

M2

M3

Idade (anos)

1,3

2,2

3,3

DAP (cm)

4,8

9,6

13,3

Altura total média (m)

3,2

6,7

10,7

Altura de fuste (m)

2,4

6,0

Área basal (m2/ha)

0,541

2,126

4,078

Volume (m3/ha)

1,052

6,548

22,006

Piumhi

São Roque

M1

M2

M3

M1

M2

Idade (anos)

1,25

2,27

3

1,06

1,9

DAP (cm)

4,7

9,9

13,3

2

5,5

Altura total média (m)

3,2

6,7

9,4

1,9

3,8

Altura de fuste (m)

2,9

4,8

0,3

1

Área basal (m2/ha)

0,491

2,238

3,961

0,087

0,657

Volume (m3/ha)

1,39

9,92

19,064

0,281

2,029

 

Quando comparado os valores de DAP e altura de mogno africano com a espécie mais plantada no Brasil, o eucalipto, o qual possui um DAP médio de 21 cm e altura média de 18 m aos 3 anos de idade (Nutto et al.,2006); constata-se altos valores das variáveis para a espécie em questão. Podendo então, ser classificada em uma espécie de média a alta produtividade.

Um estudo sobre as florestas brasileiras, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB), indicou que o crescimento da economia do país e o andamento dos programas de infraestrutura têm aquecido o mercado para madeira, com uma demanda prevista de 21 milhões de metros cúbicos. Portanto, plantações bem manejadas e que contribuam para restaurar os ecossistemas, desempenharão um papel cada vez mais relevante. Assim, a aposta nos plantios de mogno africano para atender tal demanda e o acompanhamento do crescimento da floresta por profissionais, se tornam aliados para garantia do sucesso do empreendimento florestal.

Referências Bibliográficas

CASTRO, A.C.; et al. Sistema silvipastoril na Amazônia: ferramenta para elevar o desempenho produtivo de búfalos. Ciência Rural, v.38, n.8, 2008.

NUTTO, L.; SPATHELF, P.; SELING, I. Management of individual tree diameter growth and implications for pruning for Brazilian Eucalyptus grandis Hill ex Maiden.Revista Floresta, v. 36, n. 3. 2006.

SCOLFORO, J. R. S. e MELLO, J. M. Inventário Florestal. Lavras: UFLA/FAEPE, 561 p. 2006.

 

SILVA, B.T.B. Avaliação da usinagem e caracterização das propriedades físicas da madeira de mogno africano (Khaya ivorensis A. Chev.). Monografia de conclusão de curso em Engenharia Florestal. UFFRJ, Seropédica, 2010.