Associação Brasileira de Produtores de Mogno Africano comanda o Projeto Mogno de Design, que busca familiarizar o público com essa madeira nobre
O Mogno africano é um tipo de madeira nobre com origem na costa ocidental africana. O cultivo da espécie vem ganhando popularidade no Brasil. Além disso, a beleza e raridade da madeira do mogno conferem um grande potencial de uso comercial, sendo assim utilizada em movelaria, construção naval e peças ornamentais.
E é no setor moveleiro que essa madeira recebe considerável atenção no momento, graças ao Projeto Mogno de Design, um dos principais temas da 13ª reunião da Associação Brasileira dos Produtores de Mogno Africano (ABPMA), entidade que comanda o projeto.
Segundo Patrícia Fonseca, diretora executiva da ABPMA, uma das metas ao dar início ao Projeto Mogno de Design era divulgar positivamente o mogno africano para todos aqueles que trabalham com madeira nobre, principalmente, o segmento moveleiro, que utilizaria o mogno africano para aproveitar toda sua beleza e se beneficiar de vantagens como rápido crescimento e fornecimento em larga escala. Considerada uma espécie exótica, que não é nacional, o mogno africano é livre para corte e também pode contribuir para a diminuição do desmatamento das florestas brasileiras.
Cadeira fabricada com o mogno africano
O Projeto Mogno de Design também visa estar perto de estudantes de Design, Decoração e Arquitetura, pessoas que, futuramente, indicarão o mogno africano para clientes. A ideia é futuramente abrir um concurso de Design com premiação para estudantes espalhados por todo o país.
Ao mesmo tempo, o projeto deve se dedicar a ações sociais em parques e ambientes onde o público possa conhecer e ter contato com a matéria-prima. “A apresentação de peças esculturais criadas pelos nossos designers parceiros fomentará nos potenciais consumidores, arquitetos, designers, marcenarias, indústrias, o desejo pelo mogno africano. Queremos que seja inserida no melhor nível de mercado que uma madeira nobre possa alcançar e que seja usada em larga por todos aqueles que trabalham com essa matéria prima”, revela Patrícia Fonseca.
Designers com experiência em trabalhos criativos com madeira e com projeção nacional e internacional são os mais propensos a serem convidados para participar do projeto. Mas, só talento não basta. “É fundamental que se encantem com o mogno africano para que possam usar toda a força de sua criatividade. Fornecemos a madeira sem custo algum e sem nenhuma exigência quanto ao objeto a ser criado”, conta Patrícia.
Até o momento, o Projeto Mogno de Design está sendo divulgado somente a nível nacional, porém, um dos passos mais importantes da ABPMA é atingir o mercado importador de madeiras do Brasil, o que deve fazer com que em breve um plano de divulgação internacional seja colocado em prática.
Mogno Africano é um tipo de madeira nobre que apresenta vantagens como rápido crescimento
11/05/2015 | POR CRISTINA DANTAS; FOTOS FILIPPO BAMBERGHI
“O passado, como a Terra vista do espaço, é sempre azul”, constatou um saudoso Otto Lara Resende, escritor mais que mineiro, mineiríssimo. De todos os estados, Minas talvez seja o único ao qual cabe aplicar à sua gente tal superlativo – suas raízes parecem estar sempre evidentes, acima do solo.
Mas falávamos do passado, tão presente neste apartamento do arborizado bairro de Lourdes, em Belo Horizonte. O mobiliário brasileiro de várias épocas se mescla à arte popular mineira, aquela que não tem idade, para formar, com pitadas de ícones do design internacional, um espaço feliz no astral e na estética. É feliz também a sua situação espacial, no térreo de um prédio dos anos 1960, uma obra de arte da época em que se fazia desse pavimento o que é hoje a cobertura:uma área ao ar livre.
No imóvel de 420 m² e quatro suítes, a moradora vivia com marido, filho e enteada havia alguns anos, quando resolveu dar corpo ao seu maior desejo – construir nessa vasta área uma sala de jantar com cozinha. Para isso contaria coma ajuda da amiga Juliana Vasconcellos, que divide o escritório Vasconcellos Maia Arquitetos Associados com Matheus Amanthéa e Carlos Maia.
“Ela adora casa cheia,” entrega Juliana, “vive encontrando pretextos para chamar os amigos”. Assim, a arquiteta foi encarregada de construir a nova ala que abrange cozinha e sala de jantar, totalmente aberta para os exteriores, também remodelados, e renovar a sala já existente, que faz um“L” com a parte nova. Terminada a obra, entraram em cena as peças do passado, muito bem dirigidas, sem emprestar à cenografia uma data específica, mas tornando-a atemporal e instigante. E brasileiríssima, mesmo quando se unem ao conjunto indisfarçáveis aparadores italianos. Trabalhar tantos elementos exigiu de Juliana o máximo de sutileza. “Queria fazer um mix, mas sem deixar o ambiente pesado”, diz.
Sob o mesmo teto, feito de madeira de demolição, estão dispostas, por exemplo,cadeiras dos anos 1960 da L’Atelier, do designer Jorge Zalszupin, alguns itens de Sergio Rodrigues dos anos 1970, uma poltrona Teperman e outra da Móveis Cimo, indústria que fez história ao fabricar mobiliário em série já em 1913. Vistos da perspectiva de 2015, não se tornaram passado – conservam o esplendor de seu poder criativo, continuam azuis.
Verdadeira ode aos encontros, a sala de jantar-cozinha, onde a mistura de épocas continua, dispõe, além da mesa, de uma série de banquetas que se enfileira junto à bancada larga. A marcenaria, idealizada pelo escritório de Juliana, oculta churrasqueira e forno de um lado e geladeira do outro. No centro, uma cristaleira deixa entrever o verde do lado de fora. As reuniões geralmente se estendem à área externa (“à noite, a iluminação é deliciosa”, comenta Juliana, uma frequentadora fiel).
E quem assiste a tudo, com ares de rei, é o macaco de madeira entalhado pelo artesão mineiro Valdir Gomes Ribeiro. Perto dele, junto ao deque, a moradora desenhou, ela própria, o jardim de vegetação densa, uma pequena amostra de mata atlântica. O amor que sente pela madeira fica evidente em seu trabalho: ela dirige a Associação dos Plantadores de Mogno Africano, material que se vê na marcenaria do apartamento e ainda está presente em forma de mesa de centro da sala – uma raiz usada como escultura. Ou vice-versa.